Insegurança Alimentar afeta mais de 58% das famílias

A dificuldade em se alimentar é um fenômeno que ganhou força com o aumento do preço dos alimentos .

Texto: Victor Gouveia

Imagens: Júlio Gomes

Uma pessoa morre de fome no mundo a cada quatro segundos. O índice apresentado pela ONU é o desfecho dos quadros de desnutrição energético-proteica decorrente da insegurança alimentar. Em virtude da baixa ingestão balanceada de macronutrientes, como proteínas, carboidratos e gorduras, e dos micronutrientes, entre vitaminas e minerais, a pessoa passa a apresentar fraqueza, astenia e sonolência, alertou Dr. Durval Ribas Filho, nutrólogo e endocrinologista que ocupa a presidência da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).


Cerca de 30% da população mundial é acometida por insegurança alimentar moderada ou grave, alertou Ribas Filho. "A insegurança alimentar é considerada um fenômeno que ocorre quando uma pessoa não tem acesso econômico, físico, social a alimentos de tal forma que possa satisfazer a quantidade de calorias suficiente para aquele organismo sobreviver e viver bem", definiu.


A pesquisa divulgada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN) apontou que 41,3% das famílias brasileiras estão em segurança alimentar; já 58,7% vivem em insegurança - sendo 28% insegurança leve, 15,5% grave e 15,2% moderada. Considerado um dos principais desafios da sociedade mundial, a insegurança alimentar se agravou com a pandemia e os prejuízos causados pelo desemprego, com a queda da renda familiar e a alta no preço dos alimentos.

Pessoas reviram lixão no Grande Recife para sobreviver.

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

No Brasil, 30,7% das famílias, equivalente a três em cada 10 lares, não têm condições de comprar comida e faz parte da população que sofre com a insegurança alimentar moderada ou grave. Dentro dessa realidade, 125,2 milhões de pessoas sobrevivem com dificuldades para manter a alimentação, o que corresponde a seis em cada dez famílias na insegurança leve. Se o quadro não for amenizado com a distribuição de alimentos e a adequação das dietas, os incômodos da fome começam a ser mais aparentes com o emagrecimento, queda de cabelo e unhas quebradiças.

"É muito comum as pessoas começarem a ter uma diarreia frequente, cansaço excessivo, dificuldade de concentração, falta de apetite, apática ou irritabilidade, às vezes, inchaços generalizados, e fraqueza muscular, perda da massa muscular. Isso é muito grave, porque reduzir a massa magra faz com que a pessoa tenha uma resistência orgânica menor, um sistema imunológico pior, secura na pele e na boca, dores nas articulações, cegueira noturna devido a deficiência da vitamina A, erupções cutâneas", alertou o médico.

Antes de se falar em tratamento medicamentoso e suplementação para regular a desnutrição, a resposta saudável à insegurança alimentar parte da ingestão diária de aproximadamente 2 mil calorias. Essa dieta precisa ser diversificada e compromissada com a necessidade de cada grupo alimentar para o corpo.

"O alimento que o nosso organismo mais precisa no dia a dia são os carboidratos, que corresponde 60% das necessidades. Também, as proteínas, em torno de 20% a 35%, e as gorduras em torno de 20 e 30%”, recomendou o presidente da ABRAN.

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